Pé plano valgo adquirido do adulto
Muito comum, mas pouco conhecido.
“Doutor meu pé está entortando”; “não
consigo mais usar o calçado pois está me machucando a parte de dentro”; “tenho
dificuldade para caminhar e ficar muito tempo em pé.” Esses são alguns exemplos
de queixas relacionadas a uma patologia específica do pé que o especialista se
depara no dia a dia do consultório: a insuficiência crônica do tendão tibial
posterior ou pé plano valgo adquirido do adulto (pé chato do adulto).
No início, o
paciente queixa de dor e inchaço logo abaixo do osso de dentro do tornozelo, o
maléolo medial, que piora durante as atividades mais intensas como, ficar em pé
por algum tempo, subir ou descer escadas e realizar exercícios físicos. Sem
tratamento, as queixas começam a ficar mais recorrentes, o tendão que está
“inflamado” começa a esgarçar como um elástico que perde sua função, o pé
começa então a “desabar”. Ao comparar um pé com o outro a percepção é que um pé
está diferente, está mais plano, como se fosse um pé “chato” que apareceu ou
ficou pior.
Usar o
membro com sua função prejudicada, ao longo do tempo, faz com que as
articulações da parte de trás do pé degenerem e resultem em artrose com
comprometimento irreversível. As limitações para as atividades do dia a dia são
cada vez maiores e o paciente compromete sua qualidade de vida em função do pé.
Por ser uma
doença crônica e progressiva, que acomete mais mulheres de meia idade, em que o
desfecho é certo e com grande impacto na qualidade de vida, na presença de
qualquer um dos sintomas é indicado a avaliação de um ortopedista que se dedica
ao tratamento das patologias do pé e tornozelo.
O exame
físico cuidadoso, com a avaliação de toda do paciente em pé e deambulando,
associado aos exames de imagem, como as radiografias com carga, a
ultrassonografia realizada por radiologista especialista no sistema
músculo-esquelético e a ressonância nuclear magnética nos casos recorrentes
auxiliam no diagnóstico e direcionam o tratamento.
Logo no
início, o emprego de medidas conservadoras como o uso de uma bota imobilizadora
ou calçados apropriados com contra-forte firme, palmilhas com sustentação do
arco plantar longitudinal, fisioterapia e medicamentos contribuem para diminuir
a inflamação e a dor. Quando a deformidade é estabelecida e o tratamento
conservador não promove mais o controle da dor, o tratamento cirúrgico está
indicado. Existem diversas técnicas que podem ser utilizadas para a correção da
deformidade e melhora do quadro de dor.
Dentre as
técnicas mais empregadas estão a ressecção do tendão tibial posterior doente,
transferência tendinosa e correção da deformidade através de uma osteotomia do
calcâneo. Em casos mais avançados ou dependendo do perfil do paciente, opta-se
pela correção da deformidade e a fusão (artrodese tríplice) das articulações do
retropé. Esta cirurgia tem um grau maior de complexidade e o posicionamento
correto dos ossos confere resultados melhores.
Assim quanto mais precoce e preciso o diagnóstico desta patologia, o pé plano valgo adquirido do adulto ou insuficiência crônica do tendão tibial posterior, maiores a chance do paciente em retardar a progressão da doença, controlar a dor e consequentemente melhorar a qualidade de vida
Dr. Gustavo Maximiano e Dr. Rogério Bitar
Ortopedia e Traumatologia